segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

GANHANDO DE UM LADO, PERDENDO DE OUTRO


GANHANDO DE UM LADO, PERDENDO DE OUTRO

Quem analizar, com atenção, o quadro apresentado pelo equilíbrio de forças no Oriente Médio chegará à conclusão que jamais a situação de Israel foi tão boa. Os  inimigos mais ativos do Estado judeu, Irã, Síria, Hesbolá, Hamas, etc. não têm a menor condição de enfrentá-lo com um grau mínimo de suceso. 


O Irã, após anos de sanções econômicas, necessitará muito tempo ainda para pôr a casa em ordem. E mesmo que conseguisse construir alguas bombas nucleares, na opinião da maioria dos observadores, inclusive em Israel, os ayatolás jamais arriscariam a própria destruição usando armas nucleares contra o Estado Judeu, Sabem que o revide seria arrasador. 

E mais, ao contrário dos que pensam alguns, o Irã que age com lógica. Tem uma grande classe média urbana, que vive bem (antes das sanções, agora muito amenizadas) que não poria em risco sua integridade física pela causa palestina.

Quanto a outro adversário, a Síria: esta está arrasada pela guerra civil e, tão cedo não voltará ao ringue. A preocupação agora concentra-se na entrada de  forças ligadas ao El Qaida na luta síria. Com o fracasso total da tentativa de pacificar as partes na Síria, isto é uma preocupação para o futuro. 

Quanto ao Hesbolá, este ficou enfraquecido graças à sua  intervenção no conflito sírio, onde sofreu grandes perdas. Como se vê e disse o Secretário de Estado John Kerry e não precisava dizer já que está na cara, o Oriente Médio após o que foi chamado erroneamente a “primavera árabes”, está mudando rapidamente. A luta intestina entre as duas maiores seitas do Islã, xiitas versus sunitas, está no áuge, após 1.300 anos de islamismo. (Entrem no Google e escrevam xiism x sunism). 

Um exemplo destas mudanças, esta positiva, foi mostrada num dos canais de TV de Israel. Vimos um príncipe saudita dizer textualmente “Israel poderá, após um acordo com os palestinos, representar um papel positivo na região.” 

Palavras como estas, seriam impossíveis ouvir de um dignatário árabe há pouco tempo. Como se vê, se Israel conseguir fazer a paz com os palestinos, algo que concordo, é complexo e difícil, poderá, graças á cabeça judaica, tornar-se uma potência econômica e não só militar, respeitada nesta região. 

Tornar-se um país normal sem boicotes e, pincipalmente menos dependente de armas e/ou vetos americanos no Conselho de Segurança.

PESSIMISTAS X OTIMISTAS

Dada a situação atual, o mais pessimista entre os judeus ficaria feliz e tranquilo com o futuro de Israel. Mas será que podemos ficar realmente tranquilos e otimistas? Eu diria, que, apesar de tudo, ainda estamos longe de estar seguros e “normais”. E a culpa, também, está aqui mesmo, em casa. 

Neste momento, o Estado judeu está passando por boicotes e deslegitimazão que lembram a África do Sul nos tempos que precederam a reviravolta que pôs fim ao apartheid e à vitória de Mandela. 

E grande parte do mérito cabe aos líderes palestinos mais moderados que, sabiamente, abandonaram a luta armada, de resto inutil contra uma potência militar do porte de Israel, preferindo trilhar o campo diplomática iniciando uma campanha, a fim de, sem violência, tirar a legitimidade do Estado Judeu, denunciando as suas arbitrariedades na ocupação dos territórios.

Ontem, uma estação de TV de Israel, mostrou casas luxuosas construídas em colônias criadas nos territórios ocupados. Não é a regra, mas demonstrou como será difícil retirar os 350.000 colonos, boa parte fanáticos que querem restaurar o Israel bíblico, de seu conforto a 20, 30 minutos do centro de Israel.

CONSIDERAÇÕES DE UM JUDEU INTELIGENTE QUE CONHECEU O APARTHEID

O comentarista (Haaretz e NYTimes) israelense de origem sul africana, Hirch Goodman, escreveu neste sábado no NY Times: “Em meus tempos de teenager, deixei a África do Sul, o país onde nasci, para viver num lugar que jamais havia sequer visitado, Israel. 

Eu amava a África do Sul, condenava, porém, seu sistema de apartheid contra a maioria negra. Fui viver entre meu povo saindo das cinzas do Holocausto. Agora, quase 50 anos depois, após décadas de luta contra a acusação de ser Israel um país que pratica o aparheid, quando desmentia entusiasticamente a acusação afirmando que o que acontecia em Israel estava longe de comparação com apartheid aplicado na África do Sul, estou começando a ter a sensação que se ainda não somos a África do Sul pré Mandela, para lá estamos caminhando a passos largos”. 

Citei Goodman porque estou tendo a mesma sensação. A continuação da construção de colônias nos territórios ocupados que são cercadas e guardadas pelo exército israelense e estradas construídas para uso exclusivo de judeus-colonos não poderá continuar indefinidamente. 


A retirada de grande parte dos assentamentos, a fim de facilitar a criação de um Estado palestino, poderá até levar a uma luta armada com parte dos colonos. Nos próximos dias deverá ser apresentado o “plano de paz” dos EUA. O lado que recusar, poderá sofrer sanções por parte de Washington.

A imagem de Israel na Europa está tão ruim que quando viajo e encontro pessoas, até ali desconhecidas, prefiro dizer que sou brasileiro. Cansei de ter que defender Israel, acusado de cometer crimes contra a população palestina.

AMOR A ISRAEL

Estes dias, com as visíveis dificuldades nas conversaçõe de paz em curso com os palestinos de Autoridade Palestina (o Hamas em Gaza está fora), patrocinadas pelos EUA, tenho a sensação que é tudo inútil dada a teimosia tanto de Israel como dos palestinos em não ceder o mínimo necessário à pacificação entre os 2 povos com a criação de um Estado palestino vivendo em paz, ao lado de Israel. 

Palestinos erram em insistir na volta dos refugiados e Israel na manutenção da ocupação. 

É triste e sinto muito ter que trazer estes comentários para os judeus brasileiros que demonstram tanto amor a Israel.  




David Tabacof - direto de Israel - 03/02/2014

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