Como todos já sabem, os 3 garotos sequestrados foram encontrados
mortos não muito longe do local onde foram recolhidos . Na verdade, esta era a
previsão da maioria dos israelenses. Carregar
3 reféns no diminuto território de Israel, na zona ocupada, e não ser pegado em
uma das barreiras era algo extremamante difícil. Imagino que os sequestradores entraram
em pânico já que provavelment a intenção era levar um israelense e não três. Ao
mesmo tempo, vozes de peso iniciaram uma campanha contra a troca por
prisioneiros palestinos. A última permuta (a de Guilad Shalit por 1.037
prisioneiros) provocou protestos e houve quem advertisse que uma troca tão
desigual estimularia mais sequestros. E como não seria difícil imaginar, este
veio.
Poderia ter mandado este blog ainda ontem. Preferi esperar a poeira
baixar um pouco a fim de observar as primeiras reações em Israel. Das famílias,
do governo, do próprio Hamas, apontado por Nataniahu como estando por trás do
crime, (desmentem categoricamente) e, principalmente, porque queria ouvir e ler
a mídia israelense e estrangeira no dia seguinte (hoje) e sentir a situação na opinião de
pessoas inteligentes.
Na opinião da maioria, com a qual concordeio, a intenção não era
matar, Não porque terroristas tenham pena de suas vítimas. Mas, porque com
muitos milhares de palestinos
terroristas presos, forçar Israel a libertar, mesmo parte, seria considerado um
ato de grande heroismo patriótico por parte da população palestina. Por isto,
poucos aceditam que a intenção fosse matar, mas sim permutar.
Algo, porém, saiu errado. Ou os terroristas ficaram revoltados
quando perceberam que um dos garotos havia conseguido ligar para a polícia e
sussurrar “fomos sequestrados”, ou o fato e serem em número de três, o que dificultaria
imensamente toda a operação já que é muito mais difícil esconder três pessoas e passar pelas múltiplas barreiras
que infestam toda a Cijordânia ocupada. Decidiram pelo mais fácil:liquidar os
três e tentar escapar. O que conseguiram até o momento que escrevo. E,
acredito, não será fácil encontrá-los já que houve tempo bastante para, se
quizessem, fugir para longe.
QUANDO A POEIRA BAIXAR...
Quando a poeira baixar um pouco, mais dois ou três dias, um aspecto
que vai dar o que falar será certamente a facilidade descuidada com que se
locomovem os colonos nos territórios ocupados. Como não havia mais ônibus
àquela hora, não hesitaram em pegar uma carona. É preciso lembrar que a região
onde ocorreu o sequestro é pontilhada por aldeias árabes e a poucos km. da
cidade palestina de Hebron (Al Khalil em árabe) com 140.000 habitantes, cujos
moradores, possuem em seu meio um grande número de radicais islâmicos.
HEBRON
A Tumba dos Patriarcas em Hebron
Lembrar que em Hebron que está a Tumba dos Patrarcas onde se encontram, segundo a narrativa bíblica, enterrados os patriarcas das 3 religiões monoteístas, a Judaica, a Cristã e a Muçulmana. Portanto, ali estariam sepultados nada menos que Abraão, Isaac e Jacob e suas mulheres Sara, Rivka e Lea os virtuais fundadores do moniteísmo. Hoje há no local uma grande contrução muito antiga que dá lugar a uma Sinagoga e uma Mesquita. São, naturalmente, consideradas super-sagradas. Hebron, porém, tem também um passado recente manchado por matanças perpetradas pelos 2 lados. Em 1929, foi palco do famoso pogrom praticados por muçulmanos contra os judeus locais. Também foi na Mesquita junto à Tumba dos Patriracas que o fanático médico judeu americano, Baruch Goldstein, metralhou dezenas de muçumanos quando rezavam na Mesquita.
CRÍTICAS ÀS COLÔNIAS
O crime também servirá de pano de fundo para a
renovação da eterna discussão sobre a utilidade e/ou acerto dacriação de
colônias nos territórios palestinos. A discussão, aliás, teve um “quase” início
quando, 2 dias apenas após o sequestro, um articulista crítico da colonização
escreveu “os colonos que levaram seus filhos para uma zona ocupada e perigosa
também têm que fazer um exame de consciência”, etc.etc. Só isto já foi motivo
de críticas e celeumas. “Com 3 adolescentes correndo risco de vida em mãos de
terrosistas não é hora deste tipo de discussão”, responderam seus opositores.
E, realmente, a discussão parou ali. Mas, está claro que voltará à ordem do
dia.
Um aspecto que chamou a minha atenção foi a fé
demonstrada especialmente pelas mães dos
garotos. (As 3 famílias são religiosas não-ortodoxas no estilo dos colonos. Ou
seja, são nacionalistas-religiosos se fosse classificá-los. Diferentes dos
ortodoxos de preto que, em geral, não têm pretensões nacionalistas. Dizem
“Israel é nosso, seja quem ocupe suas terras neste ou naquele momento”. Senti
nesta ocasião como a fé religiosa ajuda. Felizes aqueles que conseguem ignorar
a racionalidade em benefício da traquilidade de espírito.
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