quarta-feira, 16 de julho de 2014


COMO ESTÁ SENDO ESTA GUERRA


Dois leitores me pedem para dar impressões de como é a vida baixo bombardeios de foguetes, praticamente, 24 horas por dia. A explicação pode ser longa ou curta. Darei a curta.
1) Depende onde você vive. Se acima de Haifa, está tranquilo, salvo 2 ou 3 lançamentos sem rumo que vieram de palestinos refugiados no Líbano que não causaram danos salvo uma ou outra galinha atingida. Da Síria, onde o pau está quebrando entre o governo Assad e seus adversários, de vez em quando sobra para Israel. Ou seja, um míssil ou tiro de canhão cai do lado de cá. Não provoca danos, mas Israel jamais deixa de responder com artilharia sobre a fonte do tiro.
2)  Se você vive em Tel Aviv até uns 20 km ao sul de Haifa, alguns mísseis têm caído sem causar vítimas. Após o início do alarme, em Tel Aviv, você tem 1 minuto e meio para chegar a um local protegido. Aqui, no prédio em que vivo, há uma abrigo anti aéreo num andar abaixo do térreo, o que no Brasil seriam as garagens É um salão com luzes elétricas acesas todo o tempo já que a luz do sol não penetra. Há cadeiras, dois WC químicos e uma pequena saída que dá no quintal do prédio. Não é desconfortável. Há também, no atual conflito, dado o relativo baixo poder explosivo dos mísseis, a possibilidade de permanecer no próprio andar, no hall frente aos elevadores, mas longe de janelas, se houverem.
 3)Ao sul de Tel Aviv, porém, a partir de Ashdod e ao longo da costa até Gaza e para dentro (leste) ao redor de Gaza, a vida está complicada devido à quantidade de lançamentos. O hamas tem um enorme estoque de pequenos foguetes com um máximo de 70/80 km de alcance. E assim todo o sul está no raio de ação dos mísseis. Falei em 1 minuto e meio, mas isto é para quem está em Tel Aviv. O tempo disponível para se abrigar depende da distância de Gaza.
 4) O anti-missil kipat barzel (teto de ferro) tem alacançado e derrubado quase todos. Ontem aconteceu a 1ª morte. Um homem estava fora do alcance do de teto de ferro e foi atingido por destroços de um fogiete derrubado. Por isto a instrução de só deixar o abrigo 10 minutos após o alarme.
 5)Dá para ouvir o estrondo da interceptação, mesmo dentro do abrigo. Na primira vez, assusta. Depois, vira rotina. 
 6)Apesar do Hamas ter rejeitado o cessar fogo, as negocialçoes continuam. Para a ditadura islâmica do Hamas é fácil. Quem sofre é o povão que está em Gaza onde não há alarme nem abrigos. Alá tem que correr atrás, mas às vezes chega atrasado. Por isto os mais de 200 mortos e quase 1.400 feridos. 
  Hoje à tarde, aconteceu a primeira tragédia.Crianças que brincavam na praia de Gaza foram atingidas por bombardeio de navios israelenses. (Israel ataca também do mar.) Morreram 5 crianças. Culpa do Hamas que não aceitou o cessar fogo.        
  7)  Quando soa o alarme, um som que ouvi pela primeira vez há 41 anos na Guerra do Yom Kipur em 1973 e vou para o hall de elevadores, tenho oportunidade de conhecer e conversar um pouco com os vizinhos, a maioria dos quais conheço apenas de vista. Por incrível que pareça, neste conflito, o medo foi abolido. Todos confiam no kipat barzel que provou centenas de vezes que é eficiente. Mas temos que nos abrigar. Afinal, o kipat barzel intercepta “apenas” 98% dos lançamentos.
 8) Até agora havia relativamente pouco interesse da mídia mundial pelo conflito. Acho que está todo o mundo anestesiado, ou de saco cheio, desculpem a franqueza, com repetitiva violência no Oriente Médio. Fora judeus árabes, o pessoal já cansou. Acredito, porém, que após a morte das crianças hoje o interesse vai crescer muito. Afinal há chance de culpar os judeus e esquecer que se o Hamas houvesse aceitado o cessar fogo a tragédia poderia ter sido evitada.
 9) E mais. Quando escrevo que são foguetes não se trata daqueles lançados ao espaço em Cabo Canaveral, É foguete de pobre. Salvo alguns presenteados pelo Irã, os mísseis não passam de canos de ferro usados na cosntruçao. De de 3 ou 4 polegadas dentro dos quais os palestinos colocam explosivos. Soldam 4 aletas de direção, um disparador de contato no nariz e está pronto. Mas, que ninguém se engane, podem matar.  
  


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