sábado, 14 de dezembro de 2013

ASSAD - O MAL MENOR?

ASSAD - O MAL MENOR?

À medida que a luta interna em território sírio evolui, alguns começam a acreditar que o mal menor será a permanência de Bashar Assad no poder. Afinal, durante os mais de 46 anos de ocupação israelense, (exceção ao curto período da Guerra de Yoim Kippur em 73) a fronteira ficou relativamente calma. Damasco parecia ter perdido o apetite por guerras. 

O fato foi atribuído ao realismo de Assad filho que sabia sem o apoio de aliados no mundo árabe não tinha chances contra a absoluta superioridade militar de Israel. Nestes mais de 46 anos de ocupação, Israel não perdeu tempo e passou a colonizar o Golã construíndo cidades, indústrias e kibutzim na planalto do sírio ocupado. (A sabedoria, ou a falta de, da colonização por Israel dos territórios oupados é outra história que fica para outro comentário.) Mas, voltando à Bashar Assad...

A Síria sob Assad, apesar de ter uma pequena, mas importante,  parte de seu território à beira da grande fonte de água doce de Israel, o Mar da Galiléia, ocupada por Israel,  jamais puxou o revólver. Assad, porém, não se transformou em nenhuma Madre Maria Tereza de Calcutá. Após ter tentado, infantil e inutilmente, construir um reator atômico em seu território, destruído por Israel no nascedouro, passou a ceder suas estradas de acesso ao Líbano à passagem de imensas quantidades de armas, enviadas pelo Irã ao Hesbolá, aravés dos portos e aeroportos sírios. 

Dali. seguiam por terra para o Líbano e Hesbolá. Assim, a organização xiita libaneza (Hesbolá)  passou a lutar by proxy para dois patrões: O Irã e a Síria.


E se existe um inimigo que preocupa militarmente Israel este é o Hesbolá. Seus soldados, (no momento, lutando ao lado dos militares sírios em defesa do regime de Assad), são altamente motivadas pelos imãs xiitas que consideram a mera existência de Israel uma bofetada na cara do Profeta, são muito bem treinado e disciplinados,algo raro no mundo árabe.

Desta maneira, a organização é uma dor de cabeça permanente para Israel. Possui dezenas de milhres de mísseis dos mais variados raios de ação e carga explosiva, dirigidos a Israel, Não que possa ganhar uma guerra e destruir o estado judeu. Nem em sonho. Não têm aviação e o número de seus soldados não passa de 25.000, segundo fontes israelenses. Mas, podem causar danos e mortes consideráveis. 

Israel experimentou o gostinho do Hesbolá na guerra travada com a organização em 2006. Foram batalhas duras, que deixaram um número significativo de baixas israelenses e quase toda a população do norte de Israel em abrigos anti aéreos durante a guerra.



Na verdade, a Síria, nestes 46 anos de ocupação, jamais preocupou muito Israel. A revolução anti-Assad, em seu começo, quando ainda não estava claro a identidade de  seus opositores, pareceu boa para o futuro da paz na região. Sob um regime pró ocidental e democrático Israel poderia até encarar a devolução, pelo menos parcial, do planalto à soberania síria num tratado de paz. 

Mas, como as águas do velho Tietê,  revolução síria anti-Assad foi sendo poluída pela entrada na luta de forças ainda piores que as do regime alawita (um ramo do xiismo) de Assad. Terroristas itinerantes à procura de uma oportunidade para fazer pontos com o Profeta, foram chegando á Síria a fim de combater Assad. Hoje, usando um termo futebolístico, “o meio de campo está embolado”. Não há favorito na luta síria.

A OPINIÃO DA C.I.A NÃO É A DE ISRAEL


O que se passa na Síria preocupa também os EUA e o ocidente em geral. Também a Rússia tem fichas na mesa da roleta síria, já que tem sua única base naval no Mediterrâneo no porto sírio de Tartus.
Um ex-chefe da CIA, que não foi identificado, declarou que “ante as perspecticas sangrentas na Síria, a vitória de regime de Assad pode ser um mal menor. 

Na ano passado,  Washington condenou a conduta de Assad no conflito, chegando a ameaçar bombardear a Síria após esta usar aras químicas contra civis. A entrada do que há de pior do terrorismo islâmico na luta contra Assad, porém, mudou a posição americana.  

O ex-general da Força Aérea americana, Michael Hayden, que foi o chefe da CIA até 2009, declarou numa conferência de experts em Washington: “ Devo dizê-los que neste momento e isto pode parecer horrível, mas a permanência de Assad é a melhor das péssimas conclusões para o conflito na Síria”.

Não sei se esta seria a melhor conclusão do ponto de vista do interesse de Israel. Por enquanto, temos de um lado o Irã e Hesbolá apoiando a permanência de Assad e de outro a fina flor do terrorismo islâmico, agora, multi nacional. Entre estas duas desgraças é difícil escolher a menos ruim para Israel. 

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