ASSAD -
O MAL MENOR?
À medida que a luta interna em
território sírio evolui, alguns começam a acreditar que o mal menor será a
permanência de Bashar Assad no poder. Afinal, durante os mais de 46 anos de
ocupação israelense, (exceção ao curto período da Guerra de Yoim Kippur em 73)
a fronteira ficou relativamente calma. Damasco parecia ter perdido o apetite
por guerras.
O fato foi atribuído ao realismo de Assad filho que sabia sem o
apoio de aliados no mundo árabe não tinha chances contra a absoluta
superioridade militar de Israel. Nestes mais de 46 anos de ocupação, Israel não
perdeu tempo e passou a colonizar o Golã construíndo cidades, indústrias e
kibutzim na planalto do sírio ocupado. (A sabedoria, ou a falta de, da
colonização por Israel dos territórios oupados é outra história que fica para
outro comentário.) Mas, voltando à Bashar Assad...
A Síria sob Assad, apesar de ter uma
pequena, mas importante, parte de seu território à beira da grande fonte
de água doce de Israel, o Mar da Galiléia, ocupada por Israel, jamais
puxou o revólver. Assad, porém, não se transformou em nenhuma Madre Maria
Tereza de Calcutá. Após ter tentado, infantil e inutilmente, construir um
reator atômico em seu território, destruído por Israel no nascedouro, passou a
ceder suas estradas de acesso ao Líbano à passagem de imensas quantidades de
armas, enviadas pelo Irã ao Hesbolá, aravés dos portos e aeroportos sírios.
Dali. seguiam por terra para o Líbano e Hesbolá. Assim, a organização xiita
libaneza (Hesbolá) passou a lutar by proxy para dois patrões: O Irã e a
Síria.
E se existe um inimigo que preocupa
militarmente Israel este é o Hesbolá. Seus soldados, (no momento, lutando ao
lado dos militares sírios em defesa do regime de Assad), são altamente
motivadas pelos imãs xiitas que consideram a mera existência de Israel uma
bofetada na cara do Profeta, são muito bem treinado e disciplinados,algo raro
no mundo árabe.
Desta maneira, a organização é uma
dor de cabeça permanente para Israel. Possui dezenas de milhres de mísseis dos
mais variados raios de ação e carga explosiva, dirigidos a Israel, Não que
possa ganhar uma guerra e destruir o estado judeu. Nem em sonho. Não têm
aviação e o número de seus soldados não passa de 25.000, segundo fontes
israelenses. Mas, podem causar danos e mortes consideráveis.
Israel
experimentou o gostinho do Hesbolá na guerra travada com a organização em 2006.
Foram batalhas duras, que deixaram um número significativo de baixas
israelenses e quase toda a população do norte de Israel em abrigos anti aéreos
durante a guerra.
Na verdade, a Síria, nestes 46 anos
de ocupação, jamais preocupou muito Israel. A revolução anti-Assad, em seu
começo, quando ainda não estava claro a identidade de seus opositores,
pareceu boa para o futuro da paz na região. Sob um regime pró ocidental e democrático
Israel poderia até encarar a devolução, pelo menos parcial, do planalto à
soberania síria num tratado de paz.
Mas, como as águas do velho Tietê,
revolução síria anti-Assad foi sendo poluída pela entrada na luta de forças
ainda piores que as do regime alawita (um ramo do xiismo) de Assad. Terroristas
itinerantes à procura de uma oportunidade para fazer pontos com o Profeta,
foram chegando á Síria a fim de combater Assad. Hoje, usando um termo
futebolístico, “o meio de campo está embolado”. Não há favorito na luta síria.
A
OPINIÃO DA C.I.A NÃO É A DE ISRAEL
O que se passa na Síria preocupa
também os EUA e o ocidente em geral. Também a Rússia tem fichas na mesa da
roleta síria, já que tem sua única base naval no Mediterrâneo no porto sírio de
Tartus.
Um ex-chefe da CIA, que não foi
identificado, declarou que “ante as perspecticas sangrentas na Síria, a vitória
de regime de Assad pode ser um mal menor.
Na ano passado, Washington
condenou a conduta de Assad no conflito, chegando a ameaçar bombardear a Síria
após esta usar aras químicas contra civis. A entrada do que há de pior do
terrorismo islâmico na luta contra Assad, porém, mudou a posição
americana.
O ex-general da Força Aérea americana, Michael Hayden, que foi
o chefe da CIA até 2009, declarou numa conferência de experts em Washington: “
Devo dizê-los que neste momento e isto pode parecer horrível, mas a permanência
de Assad é a melhor das péssimas conclusões para o conflito na Síria”.
Não sei se esta seria a melhor
conclusão do ponto de vista do interesse de Israel. Por enquanto, temos de um
lado o Irã e Hesbolá apoiando a permanência de Assad e de outro a fina flor do
terrorismo islâmico, agora, multi nacional. Entre estas duas desgraças é difícil
escolher a menos ruim para Israel.
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