O RACISMO VERGONHOSO DA ESPANHA
Quando meu neto israelense virou
um fanático torcedor do Maccabi Tel Aviv, acompanhando de perto e indo ao
estádio quando seu time atua, achei positivo.
Pensei comigo “é melhor do que se
dedicar a outras atividades de lazer que podem levar a maus resultados”.
Estes
dias, estou repensando o assunto.
Pelo menos quando se trata da Espanha e seus
torcedores. Na semana passada, o Maccabi Tel Aviv derrotou, na Espanha, a
equipe de basquete do Real Madrid, tornando-se campeã da Europa na modalidade.
Vitória bonita e muito comemorada em Tel Aviv, levou multidão à praça Rabin,
tradicional lugar de comemorações da cidade.
A vitória da equipe israelense,
porém, provocou uma onda de ataques anti-semitas quando nada menos,
segundo o New York Times, de 18.000 mensagens anti judaicas foram
postadas na rede Twitter. Até Hitler apareceu como “vingador da honra”
espanhola. E, de fato, a Espanha está dando vexame quando se trata de
liberalidade racial.
A equipe de basquete do Maccabi
Tel Aviv
Dias antes, o craque brasileiro
do Barcelona, Dani Alves deu uma lição na torcida do Villa Real ao comer, sem
piscar, uma banana atirada contra si na hora de cobrar um córner contra o
adversário.
A banana destinava-se a comparar o jogador baiano a um macaco. O
craque, porém, não perdeu a calma continuando a jogar sem se alterar, chutando
um belo tiro de canto. O ato racista, que foi transmitido pelas TVs de todo o
mundo, saiu pela culatra provocando uma onda de solidariedade e condenação a
este ato racista e anti-esportivo da torcida espanhola.
O gesto de Alves foi
aplaudido em todo o mundo. Por isto, estou repensando meu conceito de amor pelo
esporte como algo saudável para as crianças. Após verificar as atitudes da
público esportivo espanhol fiquei com vergonha. Principalmente, em meu caso já
que fui torcedor do Galícia, o time da colônia espanhola da Bahia.
O gesto de
Dani Alves (comer a banana e calmamente continuar a jogar) foi repetido na
mídia nos 4 cantos do mundo. Esportistas e políticos foram filmados descascando
e comendo uma banana num gesto de solidariedade ao jogador do Barcelona.
Daniel Alves- do E.C. Bahia para o Barcelona
Os espanhóis, porém, não são
principiantes em matéria de racismo no esporte. Uma funcionária do Museu do
Barcelona F.C. foi demitida quando uma câmera de segurança a captou fazendo
gestos imitando macacos quando um jogador negro pegava na bola num jogo de 1ª
divisão espanhola.
A resposta anti racista inspirada pelo baiano Dani Alves foi
repetida também fora da Espanha. Na Itália, que também tem visto algumas manifestações
racistas no esporte, o próprio 1º ministro italiano, Matteo Renzi, comeu banana
frenta às câmeras ao lado do técnico da seleção italiana, Cesare Pirandelli.
Também na Itália, a polícia foi obrigada a intervir num treino no campo do
Firenze E.C devido a cantos racistas dirigidos ao jogador Mário Balotelli,
nascido na Itália, mas filho de imigrantes africanos (Ghana). Mário foi criado
por uma família branca italiana, dai o sobre nome.
Também aqui em Israel já houve
racismo no futebol. Os torcedores da Beitar de Jerusalém costumavam fazer
gestos obcenos toda vez que um jogador negro pegava na bola. A Federação de
Futebol de Israel suspendeu por um ano jogos em casa do Beitar e o desrespeito
desapareceu.
Interessante que na pesquisa de
opinião sobre o anti-semitismo, ou anti judaísmo no mundo realizado pela
Anti Defamation League da Bnei Brit e citado neste blog há poucos dias, os
resultados mostraram que 29% dos espanhóis de hoje tendem a ser, ou são,
anti-semitas.
O fato de ter sido na Espanha que teve início a famigerada
Inquisição no ano de 1492, não minorou o desgaste da Espanha frente ao mundo
civilizado. Será que os espanhóis não aprenderam a lição? Recuso-me a acreditar
que os espanhois concordem com atitudes deste tipo.
Tanto assim, que Esteban Ybarra,
presidente do Movimento Contra a Intolerâcia na Espanha, declarou a propósito
de racismo, ter identificado nada menos de 1,500 sites, páginas ou blogs que
promovem o racismo e o anti-semitismo em seu país, comparados com 300 a 400, há
5 ou 6 anos.
Ybarra atribuiu o crescimento do racismo em seu país ao
relativo sucesso político-eleitoral de partidos ultra-direitistas na Hungria e
Grécia. Será que a Espanha está com saudades do ditador Francisco Franco, um
fascista para ninguém botar defeito que dominou a país ibérico durante
quase 40 anos.
Gal.
Francisco Franco
Quando esta
matéria já estava pronta chegou a notícia do atentado ao Museu Judaico em
Bruxelas que deixou 4 mortos, entre eles 2 israelenses. O que reforça ainda as
conclusões da pesquisa da ADL examinada acima.
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